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Inflação desacelera em março, mas alimentos continuam pressionando o bolso do consumidor

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Inflação desacelera em março, mas alimentos continuam pressionando o bolso do consumidor

Apesar da desaceleração do índice geral, alimentos como tomate, ovos e café continuam puxando a inflação e preocupam o governo.

Por: Camaçari Notícias

Foto: REUTERS/Nacho Doce

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, registrou uma desaceleração e subiu 0,56% em março, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (11). A expectativa do mercado, segundo pesquisa da Reuters, era justamente essa: um avanço de 0,56% no mês.

Apesar da desaceleração frente à alta de 1,31% registrada em fevereiro, maior variação para o mês desde 2003, o índice de março representa o maior aumento para o período desde 2023. No acumulado do ano, o IPCA soma alta de 2,04%. Já nos últimos 12 meses, a inflação acumulada chegou a 5,48%, acima dos 5,06% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em março de 2024, a variação havia sido de apenas 0,16%.

A redução da pressão inflacionária foi influenciada principalmente pela dissipação do impacto provocado pela energia elétrica, que havia sofrido forte alta em fevereiro por conta do fim do bônus de Itaipu. Com isso, os custos do grupo Habitação desaceleraram e apresentaram alta de apenas 0,24% em março, ante 4,44% no mês anterior.

Entretanto, a alta dos preços de alimentos voltou a ser destaque negativo no IPCA. O grupo Alimentação e Bebidas teve a maior contribuição individual para o índice, com elevação de 1,17% em março, avanço significativo frente aos 0,70% de fevereiro. O setor foi responsável por 45% da inflação do mês.

Entre os itens que mais subiram, o tomate liderou com impressionantes 22,55%, seguido pelo ovo de galinha (13,13%) e o café moído (8,14%). Juntos, esses produtos representaram cerca de um quarto da inflação de março.

“Com o calor dos meses de verão, houve uma antecipação da colheita do tomate em algumas regiões, reduzindo a oferta em março e pressionando os preços”, explicou Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE.

No caso dos ovos, Gonçalves apontou o aumento no custo do milho, base da ração das aves, e o aumento na demanda durante a quaresma como principais fatores da alta. A preocupação com os preços desse item já chegou ao governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstraram publicamente apreensão com os recentes aumentos.

A valorização do café também se destaca: nos últimos 12 meses, o café moído acumula alta de 77,78%. O aumento reflete a escassez do grão no mercado internacional, principalmente devido à quebra de safra no Vietnã, um dos maiores produtores mundiais.

A elevação nos preços tem reflexos no comércio internacional. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de ovos cresceram 57,5% em fevereiro, impulsionadas pela demanda dos Estados Unidos, que enfrentam um surto de gripe aviária desde 2022, responsável pela morte de quase 170 milhões de aves.

No grupo Transportes, a inflação também desacelerou, passando de 0,61% em fevereiro para 0,46% em março. A inflação de serviços caiu para 0,62% no mês, ante 0,82% no mês anterior, enquanto o índice de difusão, que mede o espalhamento das altas de preços, manteve-se estável em 61%.

Para o economista sênior do Inter, André Valério, o cenário não deve alterar a política monetária do Banco Central no curto prazo. “As pressões sobre os alimentos continuam fortes, mas a inflação do núcleo e de serviços ainda não indica uma tendência preocupante”, avaliou.

A taxa básica de juros (Selic) foi elevada em um ponto percentual no mês passado, chegando a 14,25%, e o Banco Central já sinalizou que poderá realizar um ajuste menor na próxima reunião, marcada para maio.

No cenário internacional, as incertezas também seguem no radar. O presidente Lula afirmou que o Brasil tentará negociar com os Estados Unidos as tarifas impostas ao país. O governo brasileiro só deve adotar medidas de retaliação caso não haja uma solução diplomática, afirmou o presidente.

 

 

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