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Símbolos do Medo: Como gestos, roupas e estilos podem custar vidas na Bahia

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Símbolos do Medo: Como gestos, roupas e estilos podem custar vidas na Bahia

Como gestos, roupas e cortes de cabelo se tornaram símbolos fatais em territórios dominados por facções na Bahia.

Por: Camaçari Notícias

Foto: Imagem gerada por inteligência artificial através do Adobe Firefly

Uma pose descontraída em uma foto, uma camisa do time do coração, ou até um corte de cabelo estiloso podem se tornar sentenças de morte em comunidades dominadas por facções criminosas na Bahia. Esses elementos, que antes eram meras expressões de personalidade, agora estão sendo interpretados como sinais de pertencimento a organizações criminosas, desencadeando atos de violência letal quando descobertos por grupos rivais.

Gestos e suas interpretações perigosas

Um simples gesto de "paz e amor", erguendo dois dedos, pode ser visto como o sinal do número "2", identificado com o Comando Vermelho (CV), a segunda maior organização criminosa do Brasil. Já o ato de levantar três dedos, comumente usado por roqueiros, é associado ao Bonde do Maluco (BDM), arquirrival do CV.

A guerra entre as facções, que se intensificou a partir de 2020, transformou símbolos antes inofensivos em marcadores de risco, limitando a liberdade de expressão nas comunidades impactadas.

A moda sob ameaça

Estilos de corte de cabelo e sobrancelhas com dois ou três riscos, que eram tendências populares, agora carregam o estigma de sinalizar afiliação ao CV ou ao BDM. Isso fez com que muitos desistissem de aderir a essas modas, temendo pela própria segurança.

Camisas de time: o futebol em disputa

Até mesmo o futebol, paixão nacional, não escapa da apropriação das facções. Uniformes de seleções como Argentina, Israel, França, Colômbia, Jamaica e Portugal têm sido usados por integrantes do BDM, enquanto a camisa do Flamengo é frequentemente associada ao CV. Outros símbolos, como o Mickey Mouse, também foram apropriados: a versão do famoso rato é usada pela facção A Tropa, enquanto tatuagens de escorpiões e pentagramas marcam membros do CV e da Katiara, respectivamente.

Impacto na vida social e crítica à segurança pública

"A generalização dessas apropriações simbólicas está impactando de tal forma a vida social de determinadas comunidades que as pessoas estão evitando até mesmo tirar fotos com tipos de imagens que não estão associadas aos grupos criminosos dominantes em determinados locais", afirma o coronel Antônio Jorge, especialista em segurança pública e professor de Direito do Centro Universitário Estácio Fib da Bahia.

Para o especialista, esse cenário reflete o fracasso da sociedade e do Estado em controlar a criminalidade. "É um sintoma de uma falência estatal em garantir a segurança e a liberdade individual, criando um ambiente onde qualquer expressão pode ser interpretada como ameaça", conclui.

A realidade de um cotidiano marcado pelo medo

A apropriação de símbolos culturais pelas facções e a intensificação do controle territorial colocam as populações em um estado de alerta constante. Enquanto gestos, roupas e estilos deveriam representar identidade e criatividade, em algumas regiões da Bahia, eles são agora marcadores de um território dominado pelo medo.

 

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