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Mulher que denunciou Felipe Prior por estupro dá detalhes da noite do crime nove anos depois

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Mulher que denunciou Felipe Prior por estupro dá detalhes da noite do crime nove anos depois

Ex-BBB foi condenado por estupro.

Por: Camaçari Notícias

Ex-BBB foi condenado por estupro. (Foto: reprodução/Globo)

O Fantástico, da Globo, exibiu nesse domingo (16) uma reportagem a respeito do caso envolvendo Felipe Prior e uma entrevista exclusiva com a mulher que acusa o ex-BBB pelo crime de estupro.

Na reportagem, a vítima fez questão de ressaltar que não tinha nenhum interesse no ex-BBB, que cursava a mesma faculdade que ela. Ela fazia o curso de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no Centro de São Paulo. "O Prior não é o tipo de homem que eu me sinto atraída. Eu nunca tive nenhum interesse nele. Ele é uma pessoa que nem como homem nem como amigo me interessa. Ele sempre teve um perfil na faculdade e escola de ofender as pessoas, [fazer] piadas de mau gosto, sabe?".

No dia 8 de agosto de 2014, a vítima foi com uma amiga a uma festa universitária que antecedia o InterFAU, competição esportiva em que participam diversas turmas de faculdades de Arquitetura e Urbanismo do estado de São Paulo. O evento aconteceu na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo (USP).

"Na hora de ir embora, cruzei com o Prior e falei: 'Ah, oi, tudo bem? Mas já estou indo embora'. E ele: 'Ah, também tô indo, você quer uma carona?'. Aí falei: 'Tá bom'. Minha amiga também morava na Zona Norte", conta.

Ela contou ainda que não teve medo de aceitar a carona pois já o conhecia há bastante tempo. "Eu já tinha pegado carona com ele diversas vezes, não me parecia um risco, que algo pudesse acontecer".

Após deixar a amiga da vítima em casa, Prior ele parou o carro no meio da rua, e começou a beijá-la. Depois, ele a puxou para o banco de trás.

"Começou a tirar minha roupa e, à medida que as coisas iam acontecendo, ele se tornava cada vez mais agressivo comigo.?Eu falei 'Felipe, eu não quero, não quero', e ele continuou insistindo, continuou tirando a minha roupa e começou a penetração. Cada vez que eu falava que eu não queria, ele se tornava mais agressivo. Eu comecei a tentar resistir fisicamente, e ele começou a puxar meu cabelo. Começava a me segurar pelos braços, me segurar pela cintura. Proferiu umas frases muito... Passaram 9 anos e, tipo... Ele começou a falar para eu parar de me fazer de difícil, que é claro que eu queria, que agora não era hora de falar que não e começou a forçar a penetração."

Ela conta que Prior só parou de violentá-la ao ver muito sangue. "E aconteceu a laceração, que foi bem doloroso. Eu gritei. Começou a sair muito sangue. E eu comecei a gritar de dor, e aí ele parou imediatamente, falou: 'O quê que é isso? ?E eu, tipo, não sabia o que estava acontecendo, estava muito assustada. Só fui pegando minhas roupas e tentando estancar o sangue. Aí ele perguntou se eu queria ir para o hospital. Falei que não, que eu só queria ir para minha casa."

A vítima, que havia bebido na festa, contou que não tinha forças para sair da situação, além de pedir que ele parasse. "Ele é muito mais forte que eu. Não tinha como sair dessa situação... De madrugada, bêbada, com pressão baixa, e ele controlando o meu corpo, os meus movimentos, fazendo o que ele queria fazer, sabe? Você só quer que aquela situação acabe", contou.

Ao chegar em casa, a vítima pediu ajuda para a mãe ao perceber que não conseguia estancar o sangramento. No hospital, uma médica perguntou o que tinha acontecido. "A médica me perguntou diversas vezes. Perguntou para minha mãe o que de fato tinha acontecido. Que lá era um lugar seguro, que eu podia confiar nela, que era necessário falar a verdade, mas eu não quis falar. Falei que tinha sido um namorado. Eu estava com vergonha, medo", disse.

A vítima conta que Prior a procurou no dia seguinte para saber como ela estava e depois não tiveram mais contato. "E a gente nunca mais se falou. Essa foi a última vez que a gente se falou. Na vida", afirmou.

Ela conta que só se deu conta de que havia sido estuprada três anos depois. "Em 2017, se não me engano, começou um movimento do Me Too, que bombou na internet. Eu comecei a entrar em contato com todos esses relatos, essas denúncias de mulheres, e consegui conversar com as minhas amigas sobre isso. Foi quando caiu a ficha que eu tinha sido estuprada", disse.

Segundo ela, a decisão de denunciar Prior depois de seis anos do crime se deu depois que começou a receber das amigas prints de tuítes de outras mulheres relatando que já haviam passado por situações muito semelhantes.

"Parece um absurdo hoje, quando eu olho para trás, pensar que eu achava que eu tinha sido a única pessoa que tivesse passado por isso. Quando vi todos os relatos, as denúncias, aquilo me chocou de tal forma que eu falei: 'Esse cara tem que ser denunciado. Esse cara tem que pagar pelos crimes que ele cometeu", destacou.

A vítima disse que sentiu um alívio muito grande quando soube da condenação de Prior. "Confio muito na capacidade das minhas advogadas, todo o trabalho que elas fizeram nesses três anos e meio, mas eu tinha medo de perder esse processo pelo contexto que a gente está vivendo no mundo", revelou.

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