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Polícia
Filmagem de câmera de segurança gravou momento que policial militar saca arma e dispara contra criança, que estava sendo transportada irregularmente pelo pai numa moto.
Por: G1
Vídeo gravado por câmera de segurança mostra o momento em que um policial militar atira no rosto de uma menina de 1 ano com uma arma de airsoft, na madrugada desta terça-feira (26), na Zona Leste de São Paulo. A informação foi confirmada à reportagem pela Polícia Civil, que analisa as imagens.
Airsoft é uma arma de pressão que dispara munição de plástico usada em estandes de tiro, mas não faz parte dos equipamentos da Polícia Militar (PM). Ela passou por uma cirurgia de emergência para retirar o projétil e teve alta nesta quarta-feira (27) do Hospital Tide Setubal, em São Miguel Paulista.
O artefato foi encaminhado à Polícia Técnico-Científica para ser periciado. O 50º Distrito Policial (DP), Itaim Paulista, registrou o crime como tentativa de homicídio. A investigação será feita pelo 67º DP, Jardim Robru, que tenta identificar o policial militar que atirou na criança.
A Corregedoria da PM também apura o caso e a conduta dos policias militares que estavam na viatura que foi filmada por uma câmera de um estabelecimento na Rua Sete Estrelas, no Itaim Paulista. Eles foram afastados.
Menina estava em moto
Nas imagens é possível ver o momento em que um policial que estava dirigindo o carro da Polícia Militar saca a arma de airsoft e aponta na direção de uma moto que passava na mesma via, mas no sentido contrário. Na motocicleta estavam a menina e o pai dela, que pilotava o veículo.
Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran) quem transporta criança menor de dez anos na garupa de uma moto fere a lei e comete infração gravíssima pelo Código Nacional de Trânsito (CNT). A punição para isso é pagamento de multa ou suspensão do direito de dirigir/pilotar, além da possibilidade de reter o veículo.
Delegado investiga tentativa de homicídio
Em vez de dar uma ordem de parada para o pai da menina, um dos agentes atirou na direção da motocicleta, segundo o delegado que investiga o caso.
"Não houve ordem de parada, não houve abordagem policial, nenhum tipo de registro, nenhum tipo de comunicação", disse o delegado Gregory Goes Siqueira, titular do 50º DP. "Conduta que julgo não ser adequada. O certo seria dar ciência à autoridade de plantão para que fosse feito o registro e a consequência jurídica dos fatos adequados."
De acordo com o delegado, o PM que atirou na criança será responsabilizado criminalmente por tentativa de assassinato.
"Adianto que a conduta se amolda ao tipo penal de tentativa de homicídio, no mínimo a título de dolo eventual [quando se assume o risco de matar]", falou Gregory. "Entendo que o policial militar que tem um conhecimento técnico prévio deve presumir que um disparo de airsoft daquela distância, numa moto no sentido contrario, poderia causar um acidente, uma fatalidade com a criança vindo a óbito em virtude de uma conduta deliberada, consciente e voluntária".
Para o 50º DP, o fato de o policial militar ter usado um equipamento que não pertence à corporação aumenta a gravidade do que ele fez. "Não há justificativa para utilizar um instrumento que nem faz parte do acervo que faz parte da atividade policial: o airsoft. O que demonstra a torpeza da conduta", falou o delegado. "Pelas imagens é possível verificar que o policial, que estava na condição de motorista da viatura, efetua um disparo, um instrumento, depois conseguiu se constatar uma arma de airsoft pelas imagens."
O veículo da Polícia Militar que aparece no vídeo já foi identificado pela investigação da Polícia Civil. A Corregedoria informou que afastou preventivamente os dois PMs que estavam na viatura.
Menina ficou ferida e chorou
A madrinha da menina falou à reportagem que o pai da criança tinha pego a filha para levar até a sua casa. Mas quando chegou lá, viram ela sangrando no rosto de chorando.
"A gente olhou, já estava furado e um monte de sangue nela", afirmou a mulher, que não quis se identificar. "A gente tá abalado. Se ele tivesse dado a ordem, mandado parar, eu mesmo tinha descido da minha casa, pegado a neném. Só que um erro não justifica o outro porque a neném não tem culpa nenhuma".
"Tão falando que foi airsoft, mas se é um tiro de verdade... iam matar a menina", disse a madrinha da criança.
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