Moradores denunciam pressão violenta para abandono de casas em Camaçari

Uma família de Camaçari vive sob constante ameaça e violência em sua própria casa, localizada no Loteamento Antônio Felix Martins, no bairro Parque Real Serra Verde. A dona do imóvel relata que, há cerca de dois anos, vem sendo pressionada por um empresário que alega ser o verdadeiro proprietário do terreno. Desde então, a família tem enfrentado arrombamentos, cortes intencionais de energia e internet, e até mesmo intimidações por homens armados, supostamente a mando do empresário.

O caso mais recente ocorreu no dia 6 de agosto, quando a mulher, seus dois filhos e seu companheiro foram sequestrados por homens encapuzados que invadiram a residência alegando serem policiais. Sob ameaça, os criminosos mantiveram a família sob seu poder por mais de quatro horas, exigindo a entrega de drogas e armas, sob a falsa acusação de que estas estariam escondidas na casa. "Somos cristãos e não temos nenhum envolvimento com esse tipo de coisa", declarou a vítima, que prefere se manter no anonimato por temer represálias.

Após destruírem parte da casa e submeterem a família a intenso terror psicológico, os sequestradores decidiram libertá-los, mas não sem antes ameaçar: "Disseram para a gente não voltar para casa, caso contrário iam terminar o serviço", contou a mulher. Essa foi a terceira tentativa de forçar a família a abandonar o imóvel. Nas duas ocasiões anteriores, em outubro do ano passado, a residência foi alvo de invasões, incêndios ao redor do muro e intimidações com arma de fogo.

A região onde a casa está localizada é marcada pela presença de galpões, e relatos de moradores indicam que outras cinco famílias já foram forçadas a abandonar seus lares sob ameaças similares. A família, que adquiriu o lote há 15 anos por meio de um contrato de compra e venda, se recusa a ceder. "Não é justo a gente dar um duro retado para construir um sonho e vem alguém assim, querendo acabar com tudo. E a gente não tem para onde ir", desabafou um dos filhos da mulher.

Desde o início de 2022, o empresário tem feito contatos telefônicos com a família, ora se apresentando como advogado, ora como empresário, exigindo que desocupem o terreno. No entanto, ele nunca apresentou documentos que comprovem a propriedade, o que leva a família a suspeitar de sua legitimidade. Em junho de 2023, a situação chegou a um ponto crítico quando o empresário apareceu na casa com tratores e acompanhado de seguranças e da Polícia Militar, na tentativa de desalojar a família.

O caso revela uma disputa por terras na região, onde moradores mais vulneráveis têm sido alvo de intimidações e violência. A família busca, agora, apoio para garantir sua permanência na casa que consideram ser o fruto de anos de trabalho e dedicação.

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