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Professora candomblecista denuncia intolerância religiosa após agressão dentro de escola em Camaçari

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Professora candomblecista denuncia intolerância religiosa após agressão dentro de escola em Camaçari

Sueli Santana alega que sofreu agressões físicas e verbais de alunos e pais após lecionar sobre cultura afro-brasileira.

Por: Camaçari Notícias

Uma professora candomblecista da rede municipal de Camaçari foi agredida por alunos da Escola Municipal Rural Boa União, na última quinta-feira (21), em Camaçari. A educadora alegou que levou uma pedrada em seu pescoço dentro da sala de aula em Catu de Abrantes, no distrito do município.

De acordo com a professora Sueli, os episódios começaram no início do ano e, apesar de ter informado a direção da escola e a Secretaria de Educação (Seduc), a situação permaneceu sem solução. “Com o passar dos meses, a situação só piorou. Cheguei à sala de aula e encontrei versículos bíblicos escritos no quadro. Fui chamada de ‘macumbeira’, ‘demônia’ e outros insultos. Minha autoestima foi completamente abalada, e comecei a ter crises de ansiedade só de pensar em entrar na sala. Fui intensamente perseguida e busquei ajuda tanto na direção quanto na Seduc, mas nada mudou. Foi conversando com amigos e orientadores que percebi que estava sendo vítima de intolerância religiosa”, contou.

Foram realizadas reuniões com pais e responsáveis para discutir o problema. Segundo a professora, alguns pais minimizaram a questão, alegando que o ensino sobre a cultura de matriz africana não teria relevância para a série escolar, mesmo com a existência da Lei nº 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira no ensino fundamental e médio. Apesar das tentativas de diálogo, os ataques continuaram.

"Na última semana, eu estava dando aula ainda com auxílio do livro, e a aluna olhou para mim e disse que a única coisa que os negros trouxeram para o Brasil foi a macumba e a maconha. Entre essas situações todas que eu vivi, os pais foram chamados e, por causa do livro, não só os pais dessas alunas, mas outros pais exigiram que os filhos não assistissem às aulas porque, além de a professora ser do Candomblé, esse tipo de aula não era para os filhos deles, pois falava sobre Candomblé", disse Sueli em entrevista para o Farol da Bahia.

A professora registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) e formalizou a denúncia junto ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).

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