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Bia Ferreira encerra carreira olímpica como maior medalhista do Brasil no boxe

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Bia Ferreira encerra carreira olímpica como maior medalhista do Brasil no boxe

A baiana criada em Minas Gerais encerrou a carreira no boxe olímpico como a brasileira com mais medalhas na modalidade.

Por: Camaçari Notícias

Bia Ferreira é a atual bicampeã mundial e pan-americana — Foto: Divulgação/IBA

A terça-feira foi marcante para Bia Ferreira e para o boxe brasileiro. Mais uma vez, a pugilista conquistou a honra de subir ao pódio nos Jogos Olímpicos, com a medalha de bronze em Paris. Apesar da frustração por “não colorir” de ouro a prata em Tóquio, a baiana criada em Minas Gerais encerrou a carreira no boxe olímpico como a brasileira com mais medalhas na modalidade.  As informações são do Globo Esporte*

As 151 vitórias em 160 lutas disputadas e os 41 pódios em 42 competições mostram bem o peso que Bia tem para o esporte na categoria 60kg. O ge reconta a história de uma das atletas mais vencedoras do boxe brasileiro, que saiu da garagem de casa para se tornar referência no esporte.

O "berço", em uma garagem de Salvador

Tudo começou na Bahia, onde uma menina nasceu com DNA vencedor. Bia é filha de Raimundo Oliveira Ferreira. Mais conhecido como Sergipe, ele foi tricampeão baiano e bi do Brasileiro nos pesos-galo e supergalo, além de ter sido sparring do tetracampeão mundial Acelino "Popó" Freitas por cinco anos.

Além de atleta, Sergipe se dedicava a ensinar o esporte na garagem de casa, no Bairro Nova Brasília, em Salvador. Entre uma sessão e outra com os garotos da região, uma menina de quatro anos descia as escadas, atraída por um barulho específico que vinha da base de treinamento.

“Eu lutava, e ela sempre gostou, acompanhou. Ela sempre ia junto com a mãe e nisso foi pegando amor pelo esporte. A gente morava em cima e a garagem era em baixo, onde treinavam os meninos da rua. Quando ouvia o barulho do saco de areia, a Beatriz descia para assistir aos treinos”, contou Sergipe.

Adriana Araújo foi uma das inspirações de Bia e ajudou a boxeadora no começo da carreira.

Com o passar do tempo, a pequena Bia se apaixonou pelo trabalho do pai, com um soco aqui, outro ali. Ela começou a treinar de maneira mais consistente a partir dos oito anos de idade, e não parou mais.

A vida no ringue em Minas Gerais

Depois do fim da parceria como sparring de Popó, Sergipe teve a oportunidade de fazer uma luta e ficar três meses em Juiz de Fora, Minas Gerais. Ele venceu o confronto, agradou ao dono de uma academia local e ficou definitivamente na cidade, para onde levou a filha Bia, que tinha 11 anos, em 2004.

A partir daí, Sergipe começou a lapidar o talento dela, com potencial grande a ser explorado. Ele colocou a filha em uma academia para treinar com meninos, já que, segundo o próprio Sergipe, não havia lutadoras do nível da jovem promessa.

Com os esforços feitos pelo pai e pessoas que conheciam o trabalho na academia, Bia passou a lutar em competições nacionais. O patamar da pugilista mudou quando ela foi notada pela seleção brasileira.

— Do nada, apareceu essa menina, vindo sem experiência de luta, batendo em gente que tinha 20, 30 combates. Fomos convidados para participar de um trabalho com a seleção brasileira. A Adriana Araújo (bronze em Londres 2012) iria lutar e precisava de alguém para ajudar na categoria dela. Bia foi e, a partir disso, conseguiu conquistar o pessoal da seleção. Bia se destacou, começou a viajar para fora do país e hoje é só alegria – contou Sergipe.

Embora a relação mais intensa seja com o pai, Bia não se esquece de valorizar a figura da mãe. Sergipe e Suzana Pereira Soares, que mora em Salvador, são separados, mas a pugilista considera que o grande suporte para ela ser quem é veio dos dois, no ambiente familiar.

— Só posso agradecer pelos pais que eu tenho. Hoje em dia sou uma boa pessoa, tenho caráter e graças à educação que tive em casa. Sempre me apoiaram, sempre estiveram comigo em todas as decisões que tomei, com os puxões de orelha. O que tinha que ser dito, era dito. E eu sou muito amiga dos meus pais e fico muito contente de ter essa relação com eles — afirma.

Bia Ferreira, do Brasil e do mundo

Beatriz Ferreira teve um ciclo olímpico extremamente vencedor antes dos Jogos de Tóquio. Além da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima e do título mundial, ambos em 2019, Bia se consolidou como postulante à medalha olímpica com outras conquistas internacionais.

Bia ganhou torneios na Polônia, Sérvia, República Tcheca, Alemanha e mais de uma vez na Bulgária, conquistando o Strandja, em 2019 e 2021, e o Torneio dos Balcãs, em 2017 e 2020, entre outros torneios no país e mundo afora.

Mesmo com méritos próprios, Beatriz Ferreira nunca deixou de agradecer e exaltar o trabalho do pai na vida dela. Em entrevista dada ao ge, em 2019, semanas depois de ser ouro no Pan de Lima, ela disse:

"Ele é o grande responsável por tudo isso. Foi vendo ele treinar, a paixão dele pelo boxe e a dedicação no dia a dia, que me apaixonei pelo boxe. Vendo o amor dele, criei o meu amor. Ele é o meu herói e hoje dou orgulho para ele. É muito bom trabalhar com o que a gente ama porque a gente não trabalha, se diverte o tempo inteiro".

Com uma escalada de vitórias e grandes resultados, Bia Ferreira chegou a Tóquio como uma das favoritas ao ouro olímpico na categoria 60kg. Com boa campanha, Bia Ferreira assegurou o bronze ao avançar pelas semifinais. No entanto, ela foi derrotada por Kellie Harrington, da Irlanda, e ficou com a prata em 2021.

Ciclo Paris 2024

A frustração com o vice-campeonato olímpico não abalou Bia. Com conquistas em torneios mundo afora, a boxeadora teve 2023 como um ano de reafirmação no cenário internacional. No dia 26 de março, Bia venceu a colombiana Angie Valdez em Nova Dehli, na Índia, e se sagrou bicampeã do Mundial.

Sete meses depois, no dia 27 de outubro, Bia conquistou mais um bicampeonato. Desta vez, ela venceu novamente os Jogos Pan-Americanos em Santiago, no Chile. Pela frente, a mesma Angie Valdez, que novamente não foi páreo para a baiana.

As conquistas do Pan e do Mundial no boxe olímpico vieram depois de um movimento estratégico de Bia Ferreira na carreira. Em outubro de 2022, a lutadora assinou um contrato para disputar competições profissionais

Ela estreou na nova modalidade no dia 13 de novembro de 2022 e venceu a compatriota Taynna Cardoso. Bia conquistou a vitória por pontos após quatro rounds de três minutos, em decisão unânime dos juízes.

Após começar a se acostumar com o que ela mesma chamou de “novo esporte”, Bia empilhou resultados positivos. Ela venceu em sequência a norte-americana Carisse Brown, a mexicana Karla Zamora e a estadunidense Destiny Jones.

Por fim, Bia Ferreira foi para a luta que valia o cinturão do peso-leve da Federação Internacional de Boxe. Ela venceu a argentina Yanina Lescano por nocaute técnico no sexto round, em Liverpool, Inglaterra, no dia 27 de abril de 2024.

A atleta se tornou a primeira medalhista olímpica do Brasil a conquistar um título mundial no boxe profissional. Apesar da aposentadoria olímpica, Bia seguirá carreira com lutas profissionais.

Bronze em Paris

Dominante. Bia Ferreira chegou a Paris como uma das favoritas ao ouro na categoria 60kg. Disposta a "colorir" a medalha de prata conquistada três anos antes com a cor dourada, ela não deu chances à norte-americana Jajaira Gonzalez e à holandesa Chelsey Heijnen nas oitavas e nas quartas-de-final.

Nas semifinais, a luta mais esperada pela brasileira. Ela reencontrou Kellie Harrington, da Irlanda, a adversária que venceu Bia na final olímpica em Tóquio. Novamente, a brasileira foi derrotada e ficou com o bronze.

Após a derrota, Bia lamentou a ausência na final, confirmou o fim do ciclo no boxe olímpico e disse ter uma "missão" entre as profissionais.

— Não era esse o objetivo. Queria ser campeã olímpica. Queria despedir com chave de ouro. Acredito que tudo aconteça por uma razão. Mas contente pela minha trajetória. Quem mais queria ganhar, era eu. Mas não foi dessa vez. Tenho missão no boxe profissional e, se deus quiser, vou completar. Mas saio feliz do boxe olímpico. Fonte: Globo Esporte*

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