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Política
Nova regra prevê que promoções pelo critério de merecimento se alternem entre duas listas.
Por Sites da Web
Sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) presidida pela ministra Rosa Weber — Foto: Divulgação/CNJ
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou nesta terça-feira (26), uma nova norma que busca igualar o número de juízes e juízas nos tribunais de segunda instância de todo o país. A aprovação foi unânime entre os presentes na sessão, após um acordo restringir a abrangência da ação afirmativa prevista no texto inicial. Apesar da limitação, a presidente do CNJ, ministra Rosa Weber, comemorou o “consenso” alcançado pelo colegiado.
De acordo com a Constituição, as promoções de juízes para os tribunais de segunda instância ora são realizadas pelo critério da antiguidade, ora pelo critério do merecimento. Na semana passada, a relatora da nova norma no CNJ, Salise Sanchotene, propôs que as promoções, tanto por merecimento como por antiguidade, se alternassem entre duas listas de magistrados — uma mista (de homens e mulheres, como a que já existe) e outra exclusiva de mulheres.
Essa alternância entre duas listas deveria ocorrer até que cada tribunal atingisse a paridade de gênero — cerca de 40% a 60% de mulheres em sua composição. Hoje, segundo levantamento do próprio CNJ, as mulheres não chegam a 50% em nenhum dos Tribunais de Justiça dos estados.
O conselheiro Richard Pae Kim, juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo, pediu vista na semana passada e suspendeu a análise do caso. Hoje, ele apresentou seu voto, propondo que a alternância entre duas listas (uma mista e outra exclusiva de mulheres) só ocorra nos casos das promoções pelo critério de merecimento. Para ele, a nova norma não pode frustrar as expectativas de quem já está à espera de ser promovido por antiguidade na carreira.
— A proposta viola, a par da legalidade, também o princípio da segurança jurídica, ao alterar o critério da antiguidade para os magistrados já integrantes do Poder Judiciário — disse o conselheiro. A relatora da proposta, então, afirmou ser necessário “construir um consenso” para a aprovação do texto e o fortalecimento do colegiado.
— Nós construímos um consenso aqui, para eu fazer uma reformulação do meu voto, para retirar a antiguidade, e permanecer o meu voto em relação ao merecimento — disse Salise Sanchotene.
A maioria do colegiado (13 dos 14 conselheiros) acompanhou a proposta de consenso. Somente Mário Maia, que havia votado na semana passada acompanhando integralmente a proposta inicial da relatora, não pôde alterar seu posicionamento para o texto de consenso porque seu mandato se encerrou.
A presidente do conselho e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, elogiou a articulação:
— Às vezes nós temos que ir mais devagar, ainda que a cada passo acumulando, enriquecendo, mas, sobretudo, estabelecendo consensos — disse. Foi a última sessão do CNJ presidida por Rosa, que se aposenta por idade nesta semana.
A ação afirmativa em benefício das mulheres vale somente para as vagas dos tribunais de segunda instância destinadas aos magistrados de carreira. A nova norma não atinge as indicações feitas pelo quinto constitucional — reservadas a profissionais oriundos do Ministério Público e da advocacia.
Na semana passada, quando a análise do tema começou, entidades de direitos humanos e pesquisadoras defenderam a necessidade de aumentar a participação de mulheres no Judiciário.
— Na Suprema Corte, a discussão de nomeação de uma ministra no lugar da ministra Rosa Weber demonstra a nossa dificuldade de ocupar espaços — disse a professora de direito Estefânia Barboza, da UFPR.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que o gênero não será o critério utilizado para o preenchimento da vaga aberta com a aposentadoria de Rosa, o que pode diminuir a representatividade feminina na Corte. Hoje, entre os onze ministros do STF, há apenas duas mulheres. A norma aprovada hoje no CNJ não afeta as indicações para o Supremo. Fonte: As informações são do O Globo*
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