Lula destaca revisão de acordo entre Mercosul e União Europeia: “condições herdadas eram inaceitáveis”

Durante a Cúpula do Mercosul, realizada nos dias 5 e 6 de dezembro na capital uruguaia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a finalização de um novo texto para o acordo entre Mercosul e União Europeia. Segundo o mandatário, o governo brasileiro conseguiu revisar e incorporar mudanças em relação ao documento de 2019, herdado em condições que considerava “inaceitáveis”.

“O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar, ao acordo, temas de relevância para o Mercosul. Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, o que permite implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar, ciência e tecnologia”, afirmou Lula durante seu discurso.

O acordo entre Mercosul e União Europeia, negociado desde 1999, visa eliminar as tarifas de importação em mais de 90% dos bens comerciados entre os dois blocos. O objetivo é estimular o comércio e fortalecer as relações econômicas entre as nações envolvidas.

A preservação dos interesses em compras governamentais foi destacada pelo presidente como uma vitória do Brasil no processo de renegociação. Essa cláusula permitirá ao país manter políticas públicas estratégicas e atender demandas prioritárias em setores como saúde e ciência.

A Cúpula do Mercosul deste ano foi marcada por debates intensos sobre o acordo, refletindo a importância estratégica da parceria para a economia dos países-membros. O texto finalizado será avaliado pelos parlamentos dos países envolvidos antes de entrar em vigor.

Histórico e desafios

As negociações entre Mercosul e União Europeia enfrentaram diversos impasses ao longo das décadas, desde divergências sobre subsídios agrícolas até questões ambientais. O acordo anunciado em 2019 foi criticado por especialistas e governos que assumiram posteriormente, por não atender adequadamente aos interesses do Mercosul em áreas sensíveis.

O novo texto busca equilibrar interesses e reforçar o protagonismo do bloco sul-americano no cenário global, enquanto responde às exigências europeias. Para Lula, essa revisão marca um avanço importante para a integração econômica e o desenvolvimento sustentável dos países do Mercosul.

A Cúpula também serviu como espaço para discussões sobre outros temas relevantes para a região, como integração energética, sustentabilidade e cooperação tecnológica.