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Polícia
Ele só guardou a pistola ao perceber que era gravado.
Por: G1
Cliente recebe motoboy armado após cancelar pedido que já havia sido entregue. Entregador foi cobrá-lo às 20h de sexta-feira, quando voltou ao trabalho — (Foto: Reprodução)
Um homem recebeu um motoboy armado em Santos, no litoral de São Paulo, após o profissional ir à casa dele cobrar o pagamento de lanches que foram entregues e cancelados horas depois pelo cliente. As imagens gravadas pelo trabalhador serão encaminhadas para a Justiça.
“É um absurdo o cara atrapalhar meu trampo, me atrasar e ainda querer me apavorar como se fosse o certo da situação, só por ter uma condição [financeira] melhor que a minha”, disse Wilton Fergunson dos Santos Silva, de 22 anos.
De acordo com o motoboy, o homem comprou um sanduíche e um açaí por R$ 45 pelo iFood, com pagamento direto pelo app. O pedido foi feito na noite de quinta-feira (11) e entregue pouco depois da meia-noite, já na sexta-feira (12). Embora o profissional tenha dado baixa no sistema, este não reconheceu o processo - na imagem a seguir é possível ver que não há cobrança na entrega.
Só às 4h29 o aplicativo concluiu o pedido e, às 4h40, o cliente acionou o iFood e cancelou a compra alegando que não o tinha recebido o alimento. A esta hora o estabelecimento estava fechado e, portanto, a cobrança ao homem só foi feita à noite.
Cobrança e ameaças
De acordo com Wilton, assim que retornou para o trabalho, no final da tarde de sexta-feira (12), o dono do comércio pediu para ele cobrar o cliente, o que aconteceu por volta das 20h.
Como é possível ver nas imagens, o homem o recebeu com uma arma em mãos. O motoboy ressaltou que o rapaz só guardou a pistola ao perceber que estava sendo filmando.
Logo após guardar a arma o cliente disse que entregador foi à casa dele o ameaçar, e complementou: “Tu não tá em favela não meu amigo. Aqui as pessoas pedem e pagam a comida”. Ainda durante a discussão ele chegou a bater na cintura, onde estava a pistola, e afirmou que a arma era legal.
O motoboy retrucou: “Eu tô te ameaçando? Você está me ameaçando e apontando uma arma na minha cara. Já tá processado já. Aqui tu meteu o louco”.
PM acionada
Wilton contou ter acionado a Polícia Militar logo na sequência, assim que o cliente subiu para o apartamento sem pagar pelo açaí.
“Esperei os PMs, expliquei o ocorrido, pediram para eu me afastar um pouco do prédio só pra garantir [a segurança]. Conversaram com ele, que subiu para buscar os documentos e não voltou mais. Como a polícia não pode entrar [no imóvel sem a permissão] ficou por isso mesmo naquele momento”, disse ele.
Ele informou que decidiu acionar o homem na Justiça. “[Foi] querer se engrandecer ou algo do tipo e, agora, quero mostrar que todos somos iguais e temos os mesmos direitos”, disse.
A PM informou à reportagem que ao chegar no local e conversar com o suspeito, este teria informado ser Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Os policiais pediram para ver a documentação, ele foi até o apartamento e, depois, se recusou a descer. Os agentes foram com o motoboy até o 7º DP de Santos.
O homem pagou o açaí com um Pix após ter sido cobrado pelo dono do estabelecimento. A operação só foi realizada depois de toda a confusão.
Protesto
No final de sábado (13), aproximadamente 40 motoboys foram para a frente da casa do homem que atendeu Wilton armado, no bairro do Marapé. Eles protestaram contra o rapaz e fizeram barulho com as motocicletas. A ação foi toda organizada pelas redes sociais, após o vídeo da situação viralizar.
iFood
Em nota, iFood disse repudiar atos de agressões físicas, ofensas ou manifestações de preconceito, assédio, bullying e incitação à violência a entregadores e entregadoras. "Após as evidências apresentadas, o cliente em questão foi banido definitivamente da plataforma".
A empresa ressaltou que o entregador não é cadastrado na plataforma e atua diretamente com o restaurante que utiliza uma rede própria de entregadores para o delivery. "O iFood realizou contato com o estabelecimento, se colocando à disposição para realizar o acolhimento ao entregador, se necessário, além de prestar orientações sobre o registro de um boletim de ocorrência".
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